03/07/2015

Lembranças - Parte 2


Já se passaram dois anos desde o meu maior erro, mas parece ter sido ontem. É estranho como algo assim nos marca tanto. Marca mais ainda quando você se apaixona pela pessoa errada e se deixa levar.

Fiz de tudo para tentar esquecer, eu mudei. Mas nem assim consegui. Dizem que para uma mulher se renovar ela troca o corte de cabelo, a cor do mesmo, o guarda-roupas. Eu fiz tudo isso. Virei uma nova mulher. Troquei até mesmo de país, porém as lembranças vieram comigo para me atormentar.

Chega. Está na hora de levantar, já estou atrasada. Hoje é um daqueles dias quais eu só quero ficar o dia inteiro deitada na minha cama escondida do mundo enquanto revivo as sensações das mãos dele percorrendo por meu corpo, mas é segunda-feira e tenho horário a cumprir apesar do atraso.

Tento me arrumar o mais rápido possível e pego minhas coisas e minha caneca de café. Só não sabia que daria de cara com ele. Uau, como ele estava diferente, mas continuava lindo. O cabelo desgrenhado, a barba por fazer - tenho certeza que a sensação dels roçando no meu pescoço seria deliciosa - e um jeito despojado de se vestir. Estava mais forte, mais alto.

Meu susto foi tão grande que deixei minha caneca de café cair em cima dele. Mesmo depois de dois anos eu continuava sendo a mestre do desastre.

- Perdão - É só o que eu conseguia dizer enquanto ele tirava a camisa e eu ficava sem ar. Como alguém tão canalha podia ser tão lindo?

Estava tão atrasada que não sabia o que fazer e acabei fugindo por um elevador que se abrira. O que foi que eu acabei de fazer? Perdi a maior chance da minha vida! E dai que ele não prestasse? Está comprovado, eu sou a pessoa mais idiota do mundo!

O elevador abre as postas no térreo, mas eu não desço e aperto o botão do 10° andar - meu andar, onde o cara dos meus sonhos estava à dois minutos -, mas ele já não estava lá. Óbvio, como sempre eu perdi a minha chance, mas o que eu iria falar também? Tudo o que eu podia falar eu falei, como puxar assunto com a pessoa cujo você acabou de derramar uma caneca cheia de café na camisa branquinha dele?

Decido chamar o elevador de novo. Dessa vez está demorando tanto que penso em desistir e ir pela escadaria até que finalmente as portas se abrem, mas dois braços fortes que me abraçam pela cintura não me permitem entrar.

- Finalmente. Depois de dois anos procurando eu consegui te achar.

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