04/04/2014

A Vida Nada Perfeita de Lucy - Capítulo 4


Eu acordo meio desorientada e olho o relógio. 20:00h. Nossa, como eu dormi. Me sento na cama sem vontade de fazer nada. Pego o celular planejando fazer algo que eu provavelmente iria me arrepender depois, mas tinha que aproveitar enquanto estava com coragem. Se deixasse para depois, com certeza iria ser covarde de mais e me culparia por não ter feito. Tinha que ser corajosa. E a hora era agora.

Preciso te ver agora. É urgente.

Escrevo a mensagem e reluto em enviar. - Seja corajosa. - Digo a mim mesma e envio a mensagem com as mãos tremendo.

Aconteceu alguma coisa?

Clara responde segundos depois.

Preciso te contar algo, mas tem que ser pessoalmente.

Estou sozinha em casa, vem pra cá, vai dar pra conversarmos.

O.k. estou indo.

Me levanto e sinto minhas pernas bambearem. Que diabos eu estava prestes a fazer? Eu tinha enlouquecido, só pode. É, eu estava louca. Essa é a única explicação lógica para o que vou fazer, mas o que conta é que eu não consigo mais esconder - e nem queria - o que sentia por Clara. Se minha família descobrisse nunca permitiriam, mas isso era coisa para eu pensar em outra hora. Tudo o que eu queria e precisava agora era estar nos braços de Clara. Se isso acontecer, nada mais importará. Nada mesmo.

Abro o guarda-roupa e pego minha camisa do Slipknot, um shorts jeans escuro e fui tomar banho. Demorei em baixo da água quente. Deixei que, enquanto a água escorria por meu corpo, levasse junto os meus medos e problemas, e desfizesse os nós de tensão que se espalhavam por meu corpo. Pego a esponja e pingo algumas gotas do meu sabonete líquido preferido e começo a me ensaboar e massagear meu corpo ao mesmo tempo, me enxáguo e passo meu hidratante de banho. Logo depois me seco e me arrumo. Penteio os cabelos em um coque alto e passo apenas um lápis de olho bem preto como maquiagem. Calço meu All Star, pego meu celular e minha chave e desço para a sala.

— Estou indo pra casa da Clara - Aviso a minha mãe que estava sentada no sofá.

— Volta que horas? - Ela pergunta me olhando.

— Não sei, qualquer coisa eu ligo. Tchau - Digo fechando a porta.

A casa da Clara não é muito longe, apenas duas ruas depois da minha, mas fui andando bem devagar, queria ter tempo para poder  pensar no que dizer. Olho para as minhas mãos que tremem sem cessar. Penso no sorriso dela e sorrio involuntariamente. Como eu amava aquele sorriso. Não me importaria de passar o resto da minha vida olhando para ele. Ela era tão perfeita. Tão linda. Queria tê-la para sempre. Queria ser o motivo do sorriso lindo dela, ser eu a que faria amor com ela. Ser eu quem a faria feliz pro resto da vida. Ela despertava emoções e sentimentos que eu nunca sentira antes. Como se pode amar alguém tão intensamente e tão rápido assim? Eu vivo me perguntando isso.

Chegando na rua de Clara, eu lhe mando uma mensagem:

Estou chegando.

O.k. vou te esperar no portão.

A cada centímetro que eu chegava mais perto de ver Clara, mas o meu coração se acelerava. O nervosismo era tão grande que eu queria dizer para ela que não era nada de importante e correr para casa, mas não. Eu não ia deixar o medo me vencer. Eu cheguei até aqui. Eu estava apavorada, suando frio, tímida e completamente covarde, mas ia até o fim.

Cheguei e Clara estava me esperando no portão como disse que estaria.

— Oi Clarinha - Digo a abraçando. Como eu queria ficar ali para sempre.

— Oi Lucy. Entre - Diz ao se afastar.

Eu entro enquanto Clara fecha o portão. Não sei o porque, mas tenho a impressão de que estava pálida feito uma vela.

— Então, me conta, o que houve? - Pergunta parecendo preocupada. Ela fica tão deslumbrante quando está preocupada comigo.

— Terminei com o Gustavo.

— Já não era sem tempo, digo, porque amiga? - Diz sorrindo. Não resisto e rio de levinho, mas logo o nervosismo volta.

— Er... Eu me apaixonei por outra pessoa - Digo apertando a palma das mãos com as unhas.

— Sério? Quem é a pessoa?
— É-É-É você - Digo gaguejando e suando frio.

— O que você disse? - Clara pergunta ficando pálida.

Continua...

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